segunda-feira, outubro 23, 2006

6.Joaquim não.

Noutro dia irei a Joaquim Egidio, pensa Luis, nada a seu tempo. Agora? Voltar. Voltando.
Luis faz um nuto para Seu Mário e o corretor ao passar pelo bar Central. Sorrisos. Luis pensa que gostaram do seu chapéu, ou do cachimbo. Ou devem ter visto o ancinho que ele esconde. Coisas de velhos. Luis vira a direita e está agora na rua Maneco Rosa. Rua do ECT. Velha coisa de velhos. Cartinha. Letrinhas redondinhas. Você sumiu fiquei... Assinada. Beijo-com-batom. Verter lágrimas manchando o papel amassado quase marche desamassado sempre a reler. No mais cobranças - Caso o pagamento já... Desconsidere... E malas diretas, uma mala cheia de criatividades não criativas. Passo. Que publicidade não é informação e não posso falar de tudo que atormenta o herói passo a passo neste passeio que faz.
Depois do correio à direita há a rua Jacinto Martinelli,que seque pelo antigo caminho do bonde, e logo ali o Ribeirão das Cabras, que vem alem dos mateiros. Há a esquerda uma ponte pênsil sobre o rio Atibaia proibida a veículos. Muita gente vem da direita uniforme-caminhantes. Relojoaria Virginelli. Está fechando! Deve de ser o Seu João! Pensa Luis.
- Bom dia! Diz.
- Boa tarde já passou do meio-dia. Diz o Seu-acho-que-João olhando o Lassalle.
- Se Tarde? Boa tarde. Por acaso o senhor é o Seu João?
- Até essas horas, disse olhando o seu Lassalle no pulso. Sim sou. Como se depois daquelas horas não o fosse.
- Puxa vida, muito prazer em conhece-lo!
- Mas que tanto prazer será esse meu filho? Pergunta Seu João.
- É que fui informado que o senhor sabe toda a história não-histórica de Campinas, estou bem informado?
- Fofoca de barbearia, meu filho! Bondade sua em me despejar tanta importância.
- E por falar em bondade Seu João, o Senhor é amigo de Zaimã?
- Sim somos amigos. Jogamos sinuca toda quinta-feira.
- Mande um abraço ao Zaimã seu João!
-Mando sim, meu filho.
-Sou fã de Zaimã. Nunca o vi e se o avistar, continuarei amando-o.
Tenha uma boa tarde disse seu João e olhou-o com olhar piedoso.
-Boa tarde. Disse-lhe Luis. Tirando o chapéu. E olhou-o ainda cruzar a rua e ir até a pastelaria do Giba do outro lado da rua, pedir uma Brama. Luis segue o seu caminho
Bicicletas. Bicicletaria! Igreja de São Sebastião, fábrica de biscoito, onde deus é a matéria prima. Pequenina. Amarela e branca. Lixadinha, massa corrida. Seja bondoso pensa. Mas é um horror. Olha a bondade! Vigia-se. Mas, tinha que pegar este arquiteto que passou massa corrida e lixou e dizer-lhe: Horrorzinho hein? Fazendo um não com um movimento de cabeça.
Pizzaria. Deveria chamar-se Sacristia. Pensa. Pizzas são biscoitos, só que feitos de trigo, recheados e purificados em forno à lenha. Diz de si para consigo. O fogo purifica, consagra. Alquimia. Transformação termodinâmica. Mira. Pensa. Perde-se. Ah! Estou aqui! Com um sorriso de canto de boca. Espanta-se com a própria incerteza do onde.
Diante à pizzaria há um gramado e em suas hostes em ligeiro monte, há quatro hastes de coqueiro. Roseiras? Não lembro se havia, mas havia banquinhos com patrocínio – Guaraná Sport tel. 11 -. À frente está a Subprefeitura e ao lado direito desta para o observador colocado de costa à igreja de São Sebastião vê-se o coreto. Engraçado o coreto está à beira-rio plantado, é mais palco que coreto, pergolado, pichado, abandonado.

E quando voltando...
Não havia visto! Sinhá Joana, rotisseria, vitrines, belo lagarto, entre a chã-de-dentro e a chã-de-fora dizia vovó, assado. Cabidela sob encomenda. Berinjela a caponata, salpicão, lasanha-verde. É! Mas, não tem chope. Só por isso passo. Tudo ele diz lambendo os beiços.
Ponte pênsil novamente. Luis vai e volta em suas tábuas com parafusos desapertados fazendo barulho a cada passo. De pois vem o estacionamento daquela galeria e em frente um banco de jardim sem ele, com duras formas arredondadas para formas arredondadas macias e nele alguém deitado de bruços cabeça e pés fora do banco riscando o chão com um graveto. Trata-se de Ângelo, um pequeno deslocamento no tempispaço-meio-social. Em palavras do Seu Navalha, loucos a solta. Luis saúda.
-Ângelo como vai?
Ângelo não responde escondido atrás do seu olhar dissimulado. O Bacamarte abriu as portas da casa verde, disse também o seu Navalha. Mas as vacas se coçam em mourões de cerca, macacas caçam bichinhos no pelo de seus rebentos, cães farejam em postes obsessivamente demarcações, a propria palavra obsessivo cumpre o seu significado em relação aos “s”, barbeiros tilintam suas tesouras num continuo. Um louco nasceu com a vocação para o que ainda não foi inventado. E para o outro lado pelas bandas do Esquinão?
- Ah! Acho que já vou para o Deck. Pensa Luis enquanto dá uma olhada para trás e vê o casarão antigo de tijolinhos com beira e sacada, onde a pracinha de hoje fora eira no passado, junto com a igrejinha, devem ser objeto de desejo de arquitetos do presente. Um loft.
Segue Luis mas, ops!. No que desce do meio-fio...
- Vrummm. Fala uma picape saveiro.
- Puxa! Isso Luis disse mesmo. Ao que o retrovisor da saveiro bateu em seu mindinho. Doeu mesmo, vê-se pela cara que fez. Nem parece uma cidade pacata. Não é isso não. Diz de si para consigo e acrescenta - Saveiros dirigem seus condutores em qualquer cidade e não o contrário.
Mais uns passos na estreita calçada quase sarjeta, Per tutti massas e molhos, cheiro de tomate cozinhando há horas, sugo. É a maneira mais estúpida de se comer tomates. Passa pois alem do que, não tem microondas. Mais um passo e olha de fora o Deck Bar onde chegam instrumentos musicais.
- Pardelhas! Falta criatividade com os nomes de bares e restaurantes, sempre com nomes extrangeirizados. Disse Luis a olhar o luminoso do bar.