Devemos beber, falar, cantar e dançar, tudo e acima de tudo incessantemente e intensamente. Luis tem o copo de chope levantado, em ofertório.
- Essa é minha bandeira. Disse Luis, celebrando seu retorno a mesa um já bem ido na começão de água.
- Então Luis essa história, do beijo, você já havia me contado. Falta algo, quando você me contou aqui mesmo nessa mesa, foi mais crível, mais viva, havia mais suores, não que seja de todo ruim, tem até um certo estilo, não é plágio, não é uma impostura, mas enfim como você já me disse o seu desejo é escrever um livro, então que seja esse e assim. Estou errado?
- Não. Responde Luis secamente.
- E você o que você pensa?
- Estou tentando deixar a minha guerra de mesquinharias falando sozinha. E a vaidade também. Eu quero um critico. Gritou. Um não. Todos.
- Um dia há de vestir o fato da academia. Fala Zénão.
- Não tenho essa veleidade.
- Mas escrever um livro não deixa de ser uma. Ou um instrumento dela.
- Pardelhas! Agora a vaidade tem hermenêutica? Zombeteiro não entendido de palavras completamente.
- Claro.
- Vaidade custosa! Exclama Luis.
- Tudo é custoso. E por que você quer escrever um livro? Tem algo que não foi dito a humanidade, daquelas coisas dentro da gente que insistem em descalar?
- Nada disso não!
- Se você quer ganhar a vida, é um péssimo negócio. Seria para conseguir uma obra de arte? Um instrumento de transformar o objetivo em subjetivo ou no seu duplo, reinterpretando tudo da minúcia a essência? Pergunta Zénão.
- Sim meu amigo, ler o inconsciente coletivo do coletivo inconsciente para conhecer a mim mesmo. Saber das razões e suas determinações, das leis difíceis de fugir. Por exemplo, por que uma maçã cai? Por que está madura ou podre? Não! Cai só porque existe a gravidade, senão que ficaria madura ou podre lá no galho. E se não houvesse gravidade sequer existiriam macieiras ou arvores. Pode ser contraditório, mas o que faz com que caia pode ser o que faça crescer, a gravidade. A vida como ela é ou a invenção de uma vida tem sua engenharia. Luis lamuriento.