terça-feira, dezembro 05, 2006

23. De todas as águas a lama lava a alma.

- Aonde vai aquele povaréu pela Maneco Rosa? Jornalisticamente. Demanda o homem ferido na secção comum.
- Ô Belmiro! Vá se informar, que é do que mais precisamos. Pede e ordena Luis.
- Luis! Que é esse envelope junto com o jornal?
- Uns manuscritos que trouxe pra você dar uma olhadinha, são os trechos do livro, que morrerei a escrever, de que te falei.
- Olha! Fala Zénão abrindo o envelope amarelado tamanho A4 e donde saca um maço de folhas.




O silencio se instaura na mesa um, dada planura do assunto, e porque Luis já ia fazer um discurso que ele acha enfadonho, afinal quem te domina?
- Não sabia que você escrevia poesia! Fala Zénão. Referindo-se à primeira folha do maço já esmaecida e amassada, onde Luis mostrava uma vontade mallarmaica em letras tipo verdana, hora bold, hora em negrito e hora em itálico em diferentes corpos.
- Há muito mais que você não sabe de mim, mas na verdade é uma brincadeira preguiçosa. Dito também no mesmo jeito.
Enquanto Zénão ia lendo:




Anda, anda, anda a espera.
Espera.
Espera, espera, à espera anda.
Anda.




Anda e espera. Espera a andar.
A espera desanda.
O andar desespera.
Desesperando. Desespirando aindanda.
Transpiranda transpirando.
Pira parado.



A quantas andas?
Andava andrajos.
Andava trapos?



Trapaças.
Trespassas?


Eu nos trapos sei a sobras.


De sopas?
De sapos!
Assim soçobras, misses!
Sê sim. És Mis.
Assim na missa.
Sobras e cobras.
Miss em ação.
Andas às cobras.
Espera as sobras de sobejos beijos.



Rastejas a rés dos brejos.
Sem sombras no chão.
Salobras sobras às sombras.
O brejo sabe a uma feijoada de ontem.
Com sua película branca.



Uma aranha que perde o fio.
Que a prendia a teia.
Anda sobre um brejo de feijoada.

Anda aranha.
Me espera.

Zénão diz - Engraçado cara, podia ser as sombras sobras salobras, esperam mis em ação de sapos nas missas aranham a manhar uma película de teias de brejos que andam a espera de sapos e cobras. Mas tem algo, que não sei a que a espera anda a espera.
- Tem muito sim de sopa de letras jogadas do saco do arcebispo Tillotson, em defesa da deidade na criação do universo, como se não fosse um mero acaso, e se outros meros acasos de baixa energia e muito e talvez por isso um nada qualquer, preguiçosamente, lentamente em busca de menor esforço ainda, um meramente mero universo frente a outros possíveis quaisquer, sem nenhuma necessidade de agradecimentos e devoções.
- Hahaha
Ri também posto que bar é interagir. Mas parei por ai, voltei às anotações como um porquinho da índia metido com sua folha de capim-gordura que vai entrando pela sua boca, para sair na forma geométrica elíptica de uma pipoca doce na época Kino de Mazzaropi e do imensamente Grande Otelo sem mais nem talvez porque menos.