sexta-feira, novembro 03, 2006

11.O um de novo.

Um no entanto sim, sim voltemos ao um.
Tudo sempre agachado acerca de Luis. Luis não sabia o que era fome e sim comia quando algum almo aparecia, se houvesse fome seria uma fome ancestral. Inútil comer então, assim vamos comer, meu filho! Mostrando com o queixo os saquinhos da padaria União, como se fora um peixinho dourado. Significado ignorado por Luis, alheio ao marketing. O único que conhecia era a bolha de água correndo prateada na folha de inhame que usara nas horas da sede em riachos de águas cristalinas e nem tanto que cruzou neste seu vagar. Com algum esforço José Itaca, que não era mais um jovenzinho, se pôs ereto, abriu a porta e deu passagem ao menino que mesmo sem estar seduzido pelo peixinho dourado da padaria, aquiesceu.
- Inês! Bradou Jose Itaca, esquente água para o banho do menino.
Com Luis a sua frente e o empurrava com suas pernas e barriga.
Vamos José!
Luis! José não. Disse Luis.
Hoje o acontecido tem para Luis a dimensão de um jogo de berlinde, onde era teco. E, menos que o gol feito por Marco Aurélio desde o meio campo encobrindo Veloso, numa quarta-feira que de tão radiosa poderia ter sido domingo majestoso, caso não fosse. Insiste tanto nisso que chego a crer, e sei também que nenhum ponto de inflexão leva ao mesmo de onde vinha. E assim tal equação nos deixa com duas soluções e sabemos que a solução opera sobre a variável e a variável fixada induz a mais soluções. O objeto e sua sombra com a luz no infinito se movem ao mesmo tempo. Mas voltemos a sua história de passagem pelo Deck.


Ana laranja.
C vitamina...

Luis recorda mais um troço da cançoneta e o pandeiro do regional acena, ao que as moçoilas responderam com leveza, donaires, velhices fossilizadas em repertórios. E o regional segue adiante num passo mais lento. Elegantes como um estouro de zebras do discóveri tchenel.
Chega ao bar Seu Chapéu o pé-de-valsa campineiro com Sua Par. Deslizam entre as mesas, rodopiam, nariz a nariz. Sério ele, delicada e dedicada Par na aba de Seu Chapéu.
Luis assim que viu Feia, engoliu isca e anzol e quando já se babava e enquanto isto queria de si para consigo explicar o porquê daquela Feia nisso (dele). A felicidade só ocorre nos desvãos do efêmero? Inútil pergunta. Mas perguntou-se. Não houve resposta que não fosse um leve contrair da face, abrir ventas perder o olhar no horizonte perquirido, que neste caso era ela nela mesma a que esconde a beleza. Definiu isto e nisto põe-se em sorrisos quase de dentes. Afinal a resposta sempre será, não me importo quão pouco ela dure.
Da estratégica mesa da diretoria do Deck Bar vê-se toda a fauna do bar e a pouca flora do assoreado Atibaia ciliado por cinco coqueiros, dois pés de ingás e um jambolãozeiro, casa de casal de saruês, isso nesta margem onde se planta bar, e bambuzal à outra margem. E na ponte que cruza o rio pessoas cruzam vendo a vida definhar com o rio, e um homem pesca quem sabe a última piaba.
A faina dos chorões do Choro Bandido apimenta os olhos e arranca lágrimas do carinhoso Ademar que explode em mais palmas secundadas primeiro por Aluno e logo toda freguesia.
A bonita manipula um batom, agora vasculha a bolsa em busca... pordeus! Um espelhinho periscópio, agora gira o periscópio, Luis está no foco, que com o polegar e fura-bolo arregala os olhos e com o fura-bolo da outra mão espreme o nariz para cima, um sátiro brincalhão, agradou. Pergunta, será que falarão de mim uma as outras. Responde, não fiarão antes no ciúme uma das outras, e assim me privam de alguma preferência que às preteridas tolhessem a esperança para sempre.
Luis quer chope. O serviço anda meio bossa nova. Ao berro rókenrou de: Belmirô! Luis ribombando decibéis um tom acima do chorinho, faz Belmiro ouvir o pedido. A demora insiste na sua eficácia, mas em hora boa Luis divisa o meia-pressão escorrendo creme na bandeja. Cena de transbordamento que Luis da Silva Neto, aqui dito Luis, adora presenciar e participar, pois a tudo somam boas recordações bávaras, a desmadrar e deslembrar para sempre o ancestre angustiado. Mas como fugir de sua própria angustia!? Luis consegue não mais que uma farsa.

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