- Então a vida é romântica?
- Sim e nos apavora qualquer coisa que quer se afastar do romântico.
- E o quê se desgarra?
- Coisas aparentemente beócias como a criogenia, a clonagem, o homem no espaço sideral. Imagina você um homem que se nos apareça e diga: sou o primeiro humano imortal, vocês serão os últimos mortais, a ciência ou a casualidade nada poderá fazer a vocês senão que aumentar-lhes uns aninhos na velhice. Mas vejam, vocês e todos seus ancestrais, foram geradores desta possibilidade, não se aflijam, pois vejam, nada foi em vão.
-É! Causaria pavor, já pensou ser você o ultimo homem mortal que viu o homem imortal?
Tudo dito Luis olhava Feia como se pelos olhos dele a imagem de Laura saísse em raios luminosos e refletidos nos espelhos das gelosias em ângulo remontassem e sobrepunha Feia onde braço esquerdo caía ao longo do corpo com uma leve inclinação do torso que assim descarregava seu peso sobre o cotovelo direito, abstraída, abandonada, o olhar parado antes de sair do corpo, sem vida.
- Não! Grita Luis, não é razoável deixar que morra e ter que ficar com a minha própria fechada boca. Não morra. Não quero que você morra. Eu te quero assim como é. Nunca morrerá.
Enquanto seu Ivan, um pato quando um pato sai da água, que chegara entrementes Luis dançava perguntava-se, que diabo de errado tem as geladeiras, afinal as geladeiras gelam o chope. Seu Ivan foi representante da Brastemp e sempre se vexa quando, usam a frase mercadológica da empresa em relação às mulheres que conquista.
- Te apresento meu amigo seu Ivan. Belmiro brincante.
- D’ond’é que ele veio? Pergunta Antoine.
- De Tupã!
- Qu’é que ele merece?
- A peba gorda do irmão da anã.
- ÃÃÃ seus gracinhas! Grunhe Seu Ivan.
- Que tem o seu Ivan? Está triste! Pergunta Luis a Zénão.
Desempregado, quando até rufiões trabalham! Diz Zénão.
De onde você tirou isso? Pergunta Luis cheio de inveja.
Eu sou o teu Sancho meu velho!
Depois do valioso acréscimo de qualidade de vida geladeiras causadoras Seo Ivan defendeu cartões tíquetes restauradores modernizadores na redistribuição de migalhas e orelhas e pés de porco.
- Se coubesse no bolso dele, carregava a empresa ao bar, e a malvada chuta-lhe o rabo. Disse Luis.
- Vai tomar um esguicho de água limpa, Luis você está fedorento. Disse Zénão.
- Cheiro ao dia da criação! Disse Luis e adicionou - às vezes para que alguém viva alguém tem que ir pro inferno. E como um pároco pedante somou: e quia nulla est retemptio.
- Essa dependência é que é, romântica, meu caro! Diz Zénão.
O Atibaia segue estufado, grávido de gêmeas gotas grandes, passando a um palmo do chão do Deck. Luis pega da mangueira e se desenlameia no estacionamento, sob o olhar insatisfeito de Wirto.
- Onde está sua calça?
- Na casinha.
- Não volta pro bar assim não. Wirto tomando rédeas.
Luis banhou-se mal-e-porcamente e vestiu-se molhado, o calor do corpo secará tudo como secou a figueira. E foi em direção a mesa 21.
- Feia, soltando uma baforada, pressentindo um assédio mais pegajoso, rompe com um: Você está me incomodando. Até no cheiro, completou, como uma mãe falsamente zangada.
Sossegada! É que você só participou do segundo ato da criação, e já não havia barro. Fique tranqüila, que logo logo deus criará o perfume francês.
- Pensei que os santos ocos fossem feito de madeira.
- Perdoa. Foi mal. Escarnecendo. Retirando-se.
terça-feira, dezembro 19, 2006
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